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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

DIDI CÂMARA CARDOSO

 

Biografia publicada originalmente em 1977:

 

 

DIDI CÂMARA CARDOSO nasceu em Natal, Rio Grande do Norte. Filha de Antônio Pinheiro de Lima Raposo da Câmara e Maria, do Rosário Fernandes Bezerra da Câmara.

Fez seus estudos na capital, onde viu a luz da vida.

Cursou a Escola de Comércio.

Começou a versejar na adolescência. Publicou uma centenas de poemas, em jornais e revistas.

Dela, disse Rodovalho Neves no seu livro: "Nordestinos do meu tempo":

"Lírica, nasceu eleita das musas, não desce ao lugar comum, à poeira da planície: sobe alto, revoeja, estuante de seiva, mostrando, na curva das estrelas, as pepitas de ouro de sua imaginação.

Sua poesia é cheia de ritmos selvagens."

Dela, escreveu Edgar Barbosa:

"Seu livro, de tanto ritmo, exaltação e profundeza, pode ser resumido numa palavra: encantamento."

Sobre o seu livro "Chamas", disse o poeta paraibano Antônio Freire: "Flor de fogo, perfume e calor! Perfume de pensamento em lampejos de perfeição."

É sócia da S.B.A.T. e tem várias produções para o Teatro, tendo levado à cena: "Os filhos do Mar" e "Divino Mestre".

Tem quatro livros de poesias: "Chamas", "Canaan", "Infinito" e "Vozes". Também tem um livro em prosa, intitulado "Contos de amor".

É casada com o Sr. Fernando Olímpio Cardoso, funcionário do Ministério da Fazenda. Tem dois filhos, Valéria e Sérgio.

Tem por passatempo a pintura. Gosta muito do campo, onde tem uma bela casa.

Mora no Rio, no maior recato possível, e é irmã da professora e escritora Áurea Câmara e do poeta Júlio Câmara.

 

 

 

ANUÁRIO DE POETAS DO BRASIL.  2º. VOLUME.    Organização de Aparício Fernandes.  Capa  de Ney Damasceno.  Rio de Janeiro: Folha Carioca Editora Ltda., 1977.  496 p. 

Ex. bibl. Antonio Miranda.

 

 

ÁRVORES

 

A todas vos adoro, oh! árvores queridas.
Debruçadas à margem de rio formidável,
ou servindo de abrigo a pequeninas fontes.
Em sépia desenhadas, lá no sertão sedento,

ou em nanquim em fundo esplendoroso.
Nas cavernas sombrias, nos prados caniculares.
Árvores esquisitas como desenhos de sonhos,
no céu amarelado de paisagem chinesa.

 

Umas enfileiradas como soldados fortes,
carvalhos e salgueiros, de Portugal, do Sena,
umbuseiros agrestes, sapucaias do Brasil,
cheias de flores, de frutos e de sombras.

 

Sempre de fronte erguida para o céu,
tendo a glória de Deus escrita sobre os braços.
Árvores de troncos retorcidos, na floresta,
e a linda acácia toda aberta em laços.

 

Há grimpas frouxas nos sombrios bosques,
e altaneiras comas de pinheiros velhos,
cabeleiras de ouro de pau-d'árcos amarelos,
e dosséis flutuantes de coqueirais selvagens.

 

Árvores dos recantos solitários,
copadas, francas à beira das lagoas.
Outras de folhas longas cetinosas,
onde o luar derrama as gotas cintilantes

 

e onde cada folha dança, como asa no sol,
nas umbelas álacres saltitantes.
E as bondosas, de alma compassiva,
que lamentam pelos ramos nossos mortos;

 

os ciprestes, que choram como eu choro,
em gemidos de dor e de saudade.
Nas alamedas, nos jardins, nos ermos,
na montanha, sacudidas pelos ventos,
árvores, árvores, a todas vos adoro!

 

 

 

 

TEMPESTADE

 

A tempestade estala retumbando,
e ruge o vendaval o espaço devastando.
Parece até que elásticas serpentes
saíram pelas sombras escarpadas,

 

do escuro-negro dos grotões celestes,
inverossímeis, abstratas e longínquas,
para ziguezaguearem loucas pelo céu,
em rapidíssimas rabanadas de demónios,

 

brincando de treva e de luz, pelo escarcéu.
As nuvens rasgaram-se em farrapos,
como véus entre espinhos, estranhos e cruéis.
Mil crateras hiantes, alcandoradas, negras,

 

jorraram para a terra apavorada,

a caudal cristalina de permeio

ao lúcido rugir do tiroteio, dos rios fulgurais.

Por instantes, o solo depegrido

 

arranca cintilações de auroras boreais.
O rio está raivoso, embravecido.
Pororoca gigante a corrente assemelha,
levando tudo no louco esparramar.

 

Ora a terra é azul, ora roxo-vermelha.
A tempestade feroz envolve a natureza,
num abraço fatal, a mata, a serra, o mar!

—Assim na alma perturbada, insana,

 

punge a misérrima dor das agonias.
Mas, se volve para o céu fremente prece,
a mágoa se arrefece, a angústia sana.
Passam as dores, as lágrimas ressecam.

 

E nascem novos cantos e surgem belos dias.
Não mais o desespero e não mais a saudade.

—Porque Deus está além, muito além, da tempestade!

 

 

 

DEVOÇÃO

 

Sei que zombas do meu amor,

oh! meu amor.

Que sacrilégio!

Destino! Poder! Momento!

Haverá um deus que se ria do crente

que acende, na pira,

o fumo para o incensar?

— Que deus cruel é esse?

 

 

 

 

IGUAIS

 

Eu sou agulha imantada,

tu és meu polo magnético.

Tu és o fogo, eu o calor.

Tu és o pensamento,

eu sou o cérebro.

Tu és a eternidade e eu a alma.

Eu sou a água da cascata.

és o meu lago final.

Tu és o tronco poderoso,

eu, a folhagem triunfal,

És o tato, eu a carícia.

Tu és o ninho, eu sou a ave,

buscando-te no vendaval.

Sou a planta, és meu chão.

És o perfume e eu, a flor.

Sou estrela, és amplidão.

És coração, eu sou o amor.

Sou a folha debílíssima,

és meu arbusto forte.

Sou a ilha misteriosa,

és o oceano, batendo-me eternamente.

Tu és a solidão, eu sou tua poesia.

Sou tua noite constelada,

tu és meu arrebol.
Tu és o meu futuro, eu sou o que passou,
e tudo que eu sou, tu és.
E tudo que tu és, eu sou!

 

 

 

 

RECOMPENSA

 

Esmaga com teu pé, cruelmente,

a joia que te dei.

A mão virá apanhá-la.

Um dia, serão apanhadas

todas as joias pisadas...

Pisa, esmaga meu coração.

Joia que te dei.

Um dia virá apanhá-la para o Cofre:
A Grande Mão!

 

 

 

 

SEREIA

 

Ora, dizem por aí que não existe sereia,

se eu sinto o coração do mar no coração,

e tenho a alma revolta das ondinas,

da tempestade o grande turbilhão.

Se tenho o amargor do sal marinho

dentro da boca, nos cabelos, nos olhos,

e todo o negror horrível dos escolhos,

à sombra do meu olhar!

Se tenho um desejo louco de deixar-me levar

pelas ondas queridas, companheiras que foram noutras
vidas

de meu doce embalar.

E tenho uma volúpia insaciada de sentir-me carregada

na transparência original da água marinha,

brincar com outras loucas companheiras,

nas águas prateadas pela lua, na vastidão profunda.

Oh! pudesse ver-me joguete das espumas,

com elas me infiltrar pelas rochas, nas pedras carcomidas,

adormecer nas praias abandonadas, pelas dunas,

fazer colares de nácar e de coral.

Fazer de alguma lapa submarina meu castelo feudal,

enfeitado de algas e caramujos, todo cheio de estrelas,

de ouriços, mileporias e búzios, no âmago do mar.

De onde me vem esse desejo desvairado,

de cobrir-me de espumas e de pérolas?

E tudo isso que minha alma anseia?
De onde poderia vir?
Vem lá do mar, porque eu sou sereia!

 

 

*

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Página publicada em abril de 2021

 

 

 
 
 
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